
O cenário político é, muitas vezes, visto como um emaranhado de interesses, poder e conflitos. No entanto, para o Espiritismo Progressista, a política não é apenas um jogo de poder, mas um reflexo da evolução moral e social da humanidade. É nesse ponto que a máxima de Allan Kardec em O Livro dos Espíritos ressoa de forma poderosa: “Tentar barrar o progresso é como tentar parar uma torrente”.
Essa metáfora da “torrente” nos convida a entender que o progresso é uma lei natural e inevitável. Ele é impulsionado não apenas por inovações tecnológicas, mas, acima de tudo, pela evolução moral e intelectual dos espíritos. As sociedades avançam, as leis se aperfeiçoam e as instituições se tornam mais justas à medida que a humanidade, coletivamente, supera suas imperfeições.
Sob essa ótica, a democracia se manifesta como um dos maiores reflexos desse progresso. Ela é o sistema que, em teoria, busca a igualdade de direitos e a justiça para todos, alinhando-se com a lei de justiça, amor e caridade que rege o universo. Quando um povo amadurece, ele naturalmente busca a liberdade e a autonomia, rejeitando estruturas de poder que concentram privilégios e ignoram a vontade da maioria.
A recente rejeição da PEC da Blindagem, que buscava proteger parlamentares de prisões em flagrante, pode ser interpretada como um exemplo claro dessa “torrente” em ação. Em um momento de maior transparência e de clamor popular por ética na política, a tentativa de criar uma lei de exceção, que colocaria uma classe acima das demais, foi barrada. Essa busca por privilégios não é apenas uma estratégia política, mas uma manifestação de imperfeições humanas profundas: o orgulho e o egoísmo. São essas mesmas imperfeições que, ao longo da história, geraram as mais cruéis ditaduras e as maiores injustiças.
O Espiritismo nos ensina que, para a regeneração da Terra, é preciso que a humanidade supere essas inclinações primitivas. A atuação para defender as instituições, a transparência e a própria democracia é, portanto, um trabalho de sintonia com o plano divino de progresso. Não se trata de uma atuação partidária, mas de uma ação ética e moral, baseada nos princípios espíritas. O espírita progressista entende que não basta fazer caridade assistencialista; é preciso atuar na causa dos problemas, promovendo mudanças estruturais que garantam a justiça para todos.
A defesa da democracia e das leis justas, que não criam privilégios ou favorecem o egoísmo, é uma forma de trabalhar em favor da evolução da humanidade. É a prova de que a “torrente” do progresso continua a fluir, superando obstáculos e conduzindo a sociedade a um futuro mais justo e fraterno, onde as leis dos homens se aproximam cada vez mais das leis de Deus.
